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domingo, julho 18, 2004

 
Hoje é sábado, 17 de julho de 2004, é o que aparece no calendário. Mas pelo que eu me lembre, faz, pelo menos, uns 3 anos que isso existe. Não sei como que isso se define, porque no final das contas é tudo bastante indefinido. Queria eu poder, depois desses mais ou menos três anos, dizer que está tudo bem diferente, e eu tento mostrar que está bem diferente, sí que a mais cega no final das contas sou eu mesma. Fico me enganando com coisas que não existem e que nunca existiram, e pior, acreditando nelas. Tô tomando um vinho barato, como a três anos, e tentando me sentir um pouco melhor. Porém, faz mais ou menos dois anos que o vinho não faz mais efeito e eu caio na real de que nada existe, de novo. Uma vontade ã‹o grande de ser grande. De poder. De ser. Mas sem conseguir largar da barra da saia do meu travesseiro. Fico pensando no que se pode fazer em três anos. Porra três anos. São trinta e seis meses. Pior, mil e noventa e cinco dias, e vinte e seis mil horas e duzentos e oitenta minutos. Tá, essa merda de cálculo pode estar errado, e daí, o que não está errado? Os cigarros que fumei, as palavras que menti, os beijos sem querer?? Vontade de gritar e que se foda, eu quero mais é viver! Mas eu lembro que a três anos eu também queria isso. E volto ao zero. Esse zero filho de uma puta que se acha o bastante que se compara a mim por anos. Sim, porque três anos são muitos anos. A três anos eu iniciei a minha maior ilusão. Eu conheci gente e gentes. Eu conheci o meu pai. E daí? Ele continuou a ser um desconhecido, mesmo depois de três anos. Eu estava no segundo ano do segundo grau. E daí? Eu não aprendi porra nenhuma. Foi nesse ano que eu tomei glicose. E daí? Não foi o meu último porre. E eu não vou continuar, a continuação não é boa, ela se prolonga por dois anos atrás, por um ano atrás, por meses atrás. E o zero permanece. O bom se anula no ruim e vice-versa. Mas quem liga, o Lula tá ai, na mesma, com o bom anulando o ruim e vice-versa. Talvez se eu tivesse soltado pipa, se eu tivesse uma casa da árvore, se eu fizesse ao contrário, se eu parasse de ser ao contrário. Ou se eu simplesmente crescesse. E se eu parasse, também, de ficar o tempo todo querendo fugir daquilo que está aqui dentro. Tá, se=zero. Se e mais se igual a zero de novo. De novo, zero. Tá, faz três anos que eu corria de bolinhas de papel, um a zero. Pra mim. O meu peito até aliviou agora. Porém, faz dois anos que eu era a pior aluna em física e química. Que culpa eu tenho se eu preferia ler Christiane F. a ouvir o professor de química?? Esses dois anos atrás realmente foram ruins. Eu não gostei. A quem diga que gostou, mas eu não. Pior do que não gostar é perceber que nada mudou. Eu ainda me iludo, acho que algo ainda vai cair do céu, quem sabe algum avião caia em cima da minha cabeça. É, drama novamente. Ah, faz quase dois anos que eu não faço mais terapia, e semana passada voltei lá pra continuar. Zero a zero, novamente. Ou talvez, progresso. Eu consegui voltar. Seja lá o que for, essa mania de idealizar tudo, de tentar entender. E se eu falar que eu só quero entender, a vontade é de me jogar contra a parede. Por que eu quero as mesmas coisas que de três anos atrás? E o que eu tenho? Nada. Uma cabeça perturbada que corre atrás de tudo e não tem nada. Que não é capaz de fazer nada sozinha. E mais, que ainda tem medo de tudo. Se eu fosse uma pessoa boa, digo boa pra mim mesma, eu não ficaria triste em não mudar. Ah, mas uma coisa boa mudou. Hoje eu tenho uma gata. A Alice Maria. Eu a amo, amo mais do que eu consigo sentir. Ela me faz bem. Ela não se importa de eu continuar zero a zero, isso porque ela não me conheceu a três anos atrás. Tá, dane-se. Ela gosta de mim, e eu gosto dela. É, mas agora ela tá dormindo na minha cama e o meu vinho acabou. É, vou ter que buscar mais. Como pode, pra buscar mais vinho eu consigo, só que pra ser alguém que gosta de viver eu não consigo. Talvez o problema de ser uma pessoa que gosta de viver é que isso não se compra no supermercado, ou talvez na conveniência que é vinte e quatro horas. Foda-se. Eu me invergonho sim de ser a mesma de três anos atrás. De dois, de um. Porra, ganhar na mega-sena não é tão fácil assim. Tem pessoas que tentam a mais de vinte anos. Eu me apavoro em pensar que eu posso continuar assim por mais vinte anos. Voltei. Fui buscar mais vinho. A garrafa acabou. É, tudo acaba, que triste. Tomara que algumas coisas acabem mesmo, e logo. E outras, não. Já são meia-noite e eu queria conversar com alguém agora. Melhor, eu queria alguém que aquecesse os meus pés enquanto eu durmo. Eu queria tantas coisas, como eu sempre quero. A melhor delas, agora, seria poder tudo. Ser capaz de tudo e mandar tudo e todos pra puta que os pario. Se é que alguém me entende. Foda-se se não entende. Uma ligação sem sucesso. E sem mais o que beber. Não quero mais saber dos que acham que tudo é lindo, eles mentem e além de achar o que acham, acham mais, acham que podem. Podem porra nenhuma, são uns coitados sem sentimentos. Posso não ter mudado, posso continuar correndo atrás de algo que ainda não sei, mas pelo menos eu sei sentir. E sinto demais. Sinto o que é amar. E digo que é bom. Azar daquele que ganhou na mega-sena, e sorte a minha que sabe o que é amor. Ele perdeu vinte e poucos anos. Eu perdi três, mas sei o que é amor. Azar o seu que não sabe, você não jogou nos números certos. Eu sem ao menos jogar, ganhei. Amar não é um jogo, é aprender que estar vivo vale mais do que qualquer 1.0 ou pézinho na cova. O chapéu serviu? Espero que tu aprendas, seu merda!!!

posted by andressa elis 12:40 AM


quinta-feira, julho 15, 2004

 
Sabe qual é o problema?? Eu não deixo de gostar das pessoas, eu só sinto saudades de quando elas eram de verdade. Se é que um dia foram, ou será que isso só acontece na minha cabeça?? Na minha iludida cabeça...

posted by andressa elis 5:18 PM


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