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“Linda em seu uniforme de trabalho e com seus olhos brilhantes”, hoje, quem diria, completa 18 anos. Sim, 18 complicados anos, mas como tu mesma diz, faria tudo de novo, não é mesmo? E daí se tiveram lágrimas, aborrecimentos, tristezas, porque os momentos felizes e todos aqueles sorrisos foram muito maiores do que qualquer outra coisa. Então, baseada em todas as coisas boas que já passastes até agora, te peço para que nunca deixes de fazer o que realmente lhe trás felicidade, nem que seja por um segundo, mas é exatamente este um segundo que vale. E também, não importa se tu se tornar uma grande advogada e eu ainda não saber o que quero da vida, talvez eu arrume uma kombi mesmo e saía por aí, e também não importa se eu tiver cheia de filhos, enrugada e na frente de um fogão, nós duas sempre seremos nós duas, não importando como, onde, quando, tem coisas que só a gente sabe e só a gente sabe fazer, e melhor, juntas. Então, apenas viva e aproveite, acho que esse deve ser o tal segredo da vida.
Parabéns Lulis. E não esqueça que eu te amo, tá.
posted by andressa elis 12:40 PM
Poxa, eu não sei o por quê, o que ou o que eu vi, que me fez ver que eu não gosto de mais nada. Não tem mais nada que eu realmente goste de fazer. Não sei, coisas bobas assim. Eu acabei lembrando de quando eu era pequena, de como eu adorava pegar um martelo do Opa e fazer um buraco no chão até chegar em algum encanamento, e lembrei também de como eu adorava quando chegava aos sábados e eu passava o dia inteiro com o meu padrinho. E eu lembrei de mais, lembrei de como eu me orgulhava em dizer que o Padinho era a pessoa mais forte do mundo e a Mamy a mais inteligente por ter feito faculdade. Hoje eu não me orgulho de mais nada. Percebi que os meus heróis inabaláveis eram humanos e também erravam. E vi que chegou a hora de realmente crescer. É difícil quando te jogam toda a responsabilidade por respirar, é difícil fazerem tudo por ti e de repente te tirarem toda a proteção. Pois é, eu acho que preciso de um emprego, e para ontem. Ou é isso, ou eu não garanto os meus estudos. Sim, e isso porque em um certo lugar está escrito que tu és um cidadão responsável pelos seus atos a partir dos 18 anos. Pau no cú dos 18 anos, eu nem consigo dormir sem o meu travesseiro entre os braços. Mas tudo bem, se os tais 18 anos não tomam no cú, vamos fazer jus a eles. Sim, e eu não estou reclamando por ter que trabalhar, porque eu realmente quero trabalhar, o único problema é os meus estudos dependerem desse trabalho, e isso, por não terem se preocupado antes. Era muito mais fácil me dar brinquedos e roupas novas, do que se preocupar com o dia em que eu teria que fazer uma faculdade. Deixa, hoje eu não fui no meu tal curso de programação e a partir de amanhã também não irei mais. Fiz a inscrição para o concurso do INSS e prefiro ficar durante a manhã estudando. Comprei apostilas e amanhã de manhã começo a estudar sobre Legislação Providenciaria. Tá, me senti um pouco culpada de largar o curso assim, mas aquilo não me traria benefício nenhum, creio que com o emprego que me arrumariam (e isso só em abril), eles não me ajudariam na faculdade, porque, com certeza, eu não farei nada ligado a informática. Então, a partir de hoje eu volto a rezar, pois eu realmente preciso de um emprego. E quem me dera se a minha preocupação maior ainda fosse ir de bermuda ou calça para o colégio. Quem me dera.
posted by andressa elis 10:57 PM
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Ela é gostosa.
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Ela é bonita.
Ela era feia. Muito feia.
posted by andressa elis 8:31 PM
Sabe quando o sabonete está acabando, ele escorrega e tentas pega-lo algumas vezes e mesmo assim ele ainda vai pelo ralo? Assim. Tudo está indo pelo ralo.
posted by andressa elis 3:47 PM
Pois é, eu faço parte dos 3% da população mundial. Sim, essa coisa dentro de mim tinha que ter um nome. Distimia.
posted by andressa elis 11:01 PM
Ontem o Opa veio me perguntando se estava tudo bem. Acho que não entendi direito a pergunta e falei que tinha ido fazer o exame de visão e tudo mais. Mas ele insistiu:
- Mas e de resto, tá tudo bem?
Tempo.
- É, - tempo - deve tá né.
posted by andressa elis 10:53 AM
Durante a manhã eu sentia saudade de absolutamente tudo. Talvez mais falta e aperto do que saudade. É ruim quando sinto falta até de mim mesma. E aquele sonho, eu queria saber por que eu sonho com coisas assim quando não se está bem. Não deveria., é ruim. E eu não gosto assim. Creio que seja insegurança ou até mesmo medo, não sei ao certo. Sei que não gosto. Mas agora, agora é como se os motivos para tudo sumissem. O mais difícil ainda é não gostar e não conseguir ficar bem com nada. No entanto, acho que não muda muito. Só é ruim e às vezes dói – muito.
posted by andressa elis 4:31 PM
Quando o sol aparece no fim da tarde, passando pela janela e batendo no meu rosto com calma e fazendo os meus olhos fecharem, e quando, de repente, o céu fica nublado, começa a ventar e pássaros voam, é quando eu gosto.
Quando o medo se torna pequeno comparado com o que está por vir e deixando-me tranqüila por instantes, e quando eu não me preocupo se vai ser e lembro de como é , é quando eu posso ser.
Quando eu deito querendo dormir logo e sei que ao acordar não terei quem olhar, e quando os meus braços estão vazios, é quando eu sinto falta.
Quando é ruim respirar pelo aperto no peito e por estar bloqueada, e quando ser eu machuca e incomoda, é quando dói.
Quando o pesado se torna leve e com cores claras, e quando ouvir algumas poucas palavras fazem a dor passar e eu me torno evidente, é quando eu fico bem.
Quando chorar de aflição e logo tudo estar diante de mim novamente, e quando ouvir os batimentos e ver os olhos de criança é melhor do que qualquer outra coisa, é quando eu sou feliz.
Mas...
...a felicidade ainda dói.
Leve-me devolta ao começo e não tire-me de lá - começo em que sou.
posted by andressa elis 11:07 PM
"AS GRANDES PUNIÇÕES
Foi no primeiro dia de aula do Jardim da Infância do Grupo Escolar João Barbalho, na Rua Formosa, em Recife, que encontrei Leopoldo. E no dia seguinte já éramos os dois impossíveis da turma. Passamos o ano ouvindo nossos dois nomes gritados pela professora – mas, não sei por que, ela gostava de nós, apesar do trabalho que lhe dávamos. Separou nossos bancos inutilmente, pois Leopoldo e eu falávamos lá o que falávamos em voz alta, o que piorava a disciplina da classe. Depois passamos para o primeiro ano primário. E para a nova professora também éramos os dois alunos impossíveis. Tirávamos boas notas, menos em comportamento.
Até que um dia apareceu na classe a imponente diretora que falou baixo com a professora. Vou contar logo o que realmente era, antes de narrar o que realmente senti. Tratava-se apenas de fazer o levantamento do nível mental das crianças do Estado, por meio de testes. Mas quando as crianças eram, na opinião da professora, mais vivas, faziam o teste em ano superior, porque no próprio ano seria fácil demais. Tratava-se apenas disso.
Mas depois que a diretora saiu, a professora disse: Leopoldo e Clarice vão fazer uma espécie de exame no quarto ano. E levei uma das dores de minha vida. ela não explicou mais nada. Mas os nossos dois nomes de novo citados juntos revelaram-me que chegara a hora da punição divina. Eu, apesar de alegre, era muito chorona, e comecei a soluçar baixinho. Leopoldo imediatamente passou a me consolar, a explicar que não era nada. Inútil: eu era a culpada nata, aquela que nascera com o pecado mortal.
E de repente eis-nos os dois na sala do quarto primário, com crianças grandalhonas, professora desconhecida e sala desconhecida. Meu pavor cresceu, as lágrimas me escorriam pelo rosto, pelo peito. Sentaram-nos, Leopoldo e eu, um ao lado do outro. Foram distribuídas folhas de papel impresso, ao mesmo tempo que a severa professora dizia essa coisa incompreensível:
- Até eu dizer agora!, não olhem para o papel. Só comecem a ler quando eu disser. E no instante em que eu disser chega!, vocês param no ponto em que estiverem.
Recebemos as folhas. Leopoldo tranqüilo, eu em pânico maior ainda. Além do mais eu nem sabia o que era exame, ainda não tinha feito nenhum. E quando ela disse de repente: “agora”, meus soluços abafados aumentaram. Leopoldo – além de meu pai – foi o meu primeiro protetor masculino, e tão bem o fez que me deixou para o resto da vida aceitando e querendo a proteção masculina – Leopoldo mandou eu me acalmar, ler as perguntas e responder o que soubesse. Inútil: a essa hora meu papel já estava todo ensopado de lágrimas e, quando eu tentava ler, as lágrimas me impediam de enxergar. Não escrevi uma só palavra, chorava e sofria como só vim a sofrer mais tarde e por outros motivos. Leopoldo, além de escrever, ocupava-se de mim.
Quando a professora gritou “Chega!”, minhas lágrimas ainda não chegavam. Ela me chamou, eu não expliquei nada, ela me explicou sem severidade que as crianças mais vivas de uma turma etc. Só fui entender dias depois, quando sarei. Nunca soube o resultado do teste, acho que nem era para sabermos.
No terceiro ano primário mudei de escola. E no exame de admissão para o Ginásio Pernambucano, logo de entrada, reencontrei Leopoldo, e foi como se não nos tivéssemos separado. Ele continuou a me proteger. Lembro-me de que uma vez usei uma palavra qualquer de gíria, cuja origem maliciosa eu ignorava. E Leopoldo: “Não diga mais essa palavra.” “Por que?” “Mais tarde você vai entender”, disse-me ele.
No terceiro ano de ginásio, minha família mudou-se para o Rio. Só vi Leopoldo mais uma vez na vida, por acaso, na rua, e como adultos. Passáramos agora a ser dois tímidos que viajaram na mesma condução sem quase pronunciar uma palavra. Éramos impossíveis de outro modo. Leopoldo é Leopoldo Nachbin. Eu soube que no primeiro ano de engenharia resolveu um dos teoremas considerados insolúveis desde a mais alta Antiguidade. E que imediatamente foi chamado à Sorbonne para explicar o processo. É um dos maiores matemáticos que hoje existem no mundo.
Quanto a mim, choro menos."
posted by andressa elis 5:53 PM
Ok, ok, ok e o-k-a-y. Metas a serem cumpridas:
01- Emagrecer.
02- Acordar cedo.
03- Caminhar todos os dias.
04- Não perder o ônibus.
05- Ser mais organizada.
06- Fazer exercícios.
07- Guardar dinheiro para algo útil.
08- Limpar o meu quarto mensalmente e não anualmente.
09- Dormir cedo.
10- Vencer o vício do chocolate.
11- Emagrecer mais.
12- Brigar menos com as pessoas.
13- Brigar menos comigo.
14- Arrumar um emprego.
15- Pensar menos.
16- Acreditar mais.
17- Estudar.
18- Ser menos preguiçosa.
19- Não falar mais palavrões.
20- E me fazer bem, sempre.
Tá, mas falar palavrões é muito bom, terei que rever isso. De resto eu tentarei. Eu juro. Oh God, help-me. Please!
posted by andressa elis 9:09 PM
Olhar e ver de onde tudo começou e tudo o que se passou até aqui, chega a ser quase mais estranho do que ter esquecido orgulhos e simplesmente poder ser eu. Eu, sempre. E ainda, não ter medo de ser eu. Melhor, não ter medo quando só é assim. E mais engraçado, antes eu tinha medo assim, agora eu só não tenho medo assim. Porque é assim que eu consigo ser eu, que o eu existe. E melhor ainda é, depois de todo o medo, poder ouvir: “-A gente não vai ter uma esteira, né?”. E eu digo, eu sou uma pessoa de sorte. Não me orgulho, mas me sinto feliz por isso. E é assim.
posted by andressa elis 10:57 PM
“-Tu vais te fuder, guria!”
Sim, eu sei que vou. Ao menos eu irei sozinha. Chega de feder a vida das pessoas e, principalmente, chega de brincar comigo mesma. Coisas precisam ser feitas, é necessário. E dói.
posted by andressa elis 9:26 PM
Se o medo da dor não fosse tão grande, tudo já teria terminado. E esta noite eu quis muito, a ponto de não sentir as mãos. Não saberia dizer o números de vezes que já prometi a mim mesma que seria mais forte e que não me importaria tanto. Mas é em vão. Tudo sempre volta ao mesmo lugar e eu sempre me vejo na mesma situação, criada por mim. E eu também não saberia dizer as vezes em que a minha cabeça fodeu/fode com tudo e o quanto eu penso. Chego a pensar tanto e achar tanto, que acabo tendo medo de mim mesma. É patético, mas algum dia eu irei acabar comigo mesma, pelo simples fato de não saber aceitar que posso ser feliz, e sempre, sempre, me encolher e dizer não a tudo. Mas escolhas foram feitas, talvez eu tenha que aprender a ser outra pessoa e esquecer de muitos princípios. Posso até me tornar vazia, mas não importa mais. Para quem é nada e não tem nada, quem sabe ir empurrando não seja tão ruim. Ganhos implicam em perdas, foi o que já me disseram. No entanto, não tenho o que ganhar e muito menos o que perder. Talvez eu perca a mim, pois a cada dia me desconheço mais, e eu gosto menos da pessoa que me tornei. Fria e sem amor e carinho por nada. No fundo eu amo, mas tudo o que amo acaba se tornando naquilo que mais odeio. E hoje me sinto sozinha e com todos os meus medos, que retornaram. Sim, e eu deveria estar no curso, mas não tive uma noite muito boa e resolvi tentar estudar. Só que eu estou sem cabeça para nada, muito menos para fazer essas provas. Ontem já não fui bem, e nada me diz que hoje poderá ser diferente. Tudo bem, não tenho mais perspectivas para tentar ser alguém. E da maneira como tudo está comigo, aqui dentro, não tenho mais vontade de ir atrás de nada. Que me levem, qualquer caminho/pessoas/circunstâncias/momentos podem ser tudo, como podem ser nada.
I lost my love my life that night.
posted by andressa elis 10:21 AM